Grandes Filmes: 30 Anos de Blade Runner

No início do século 21, a Tyrell Corporation avançou na evolução de robôs até a fase Nexus, um ser virtualmente idêntico ao ser humano, conhecido como Replicante. Os Replicantes...
30 Anos de Blade Runner

No início do século 21, a Tyrell Corporation avançou na evolução de robôs até a fase Nexus, um ser virtualmente idêntico ao ser humano, conhecido como Replicante. Os Replicantes Nexus 6 eram superiores em força e agilidade e, pelo menos, iguais em inteligência aos engenheiros genéticos que os haviam criado.

Replicantes eram usados em colônias fora da terra para trabalho escravo, explorações de riscos e colonização de outros planetas. Depois de um motim sangrento perpetuado por uma equipe Nexus 6, os Replicantes foram declarados ilegais na Terra, sob pena de morte. Esquadrões de polícia, as Unidades Blade Runner, tinham ordens de atirar para matar ao detectar qualquer Replicante invasor.

Isso não era chamado de execução. Foi chamado de aposentadoria.

Assim começava um dos maiores filmes de todos os tempos: “Blade Runner, O Caçador de Andróides”. No futuro, o homem chegou ao êxtase da genética: fabricar um robô à imagem e semelhança do homem. Esses robôs (como visto acima) eram superiores em força e agilidade, e tão inteligentes quanto os engenheiros genéticos que os haviam criados, e receberam o nome de Replicantes. Os Replicantes eram tão perfeitos que era impossível distinguir um deles de um ser humano. O problema é que a mais evoluída geração dos Replicantes, a geração Nexus 6, se rebelou contra seus próprios criadores, e isso fez com que eles se tornassem ilegais no planeta Terra, sendo usados para trabalhos forçados fora da Terra. Qualquer Replicante que fosse pego misturado aos humanos em solo terráqueo era sumariamente assassinado.

Essa é a base para entender Blade Runner. É uma espécie de prólogo. O filme, na verdade, começa com 5 Replicantes que escaparam de uma colônia no espaço e vieram para a Terra, na Los Angeles de 2019, o que leva os espectadores a se perguntarem: se eles são tão inteligentes, porque esses 5 Replicantes vieram para a Terra sabendo que aqui eles seriam caçados até a morte? O que na verdade eles vieram fazer aqui?

Além dessas questões, visualmente, uma aura de paranoia permeia o filme: o poder corporativo, a polícia onipresente, veículos e sonda de luzes de alerta em edifícios e as consequências do poder biomédico sobre os indivíduos são bastante exploradas, principalmente com os Replicantes e suas memórias implantadas. O futuro de Blade Runner é um futuro sem qualquer tipo de vida natural, com animais artificiais substituindo os seus predecessores extintos. Este cenário claustrofóbico pode explicar a frequente migração referenciada no filme de seres humanos para colônias extra-terrestres (as chamadas off-world).

Blade Runner impressiona com sua investigação sobre a natureza da identidade e sobre o que significa ser um ser humano. Por trás das fachadas defensivas dos personagens, está uma complexa e bem escrita personalidade que busca por respostas.

Personagens


Dick Deckard (Harrison Ford)

Intérprete do caçador de androides Dick Deckard. Harrison Ford é o nome de peso do elenco. Deckard é um “Blade Runner”, agente especial da Polícia de Los Angeles cujo serviço é caçar e “aposentar” replicantes. É o protagonista do filme e o narrador da versão original do cinema.

Frase emblemática: 

“Replicantes são como qualquer outra máquina. Eles são tanto um benefício quanto um malefício. Se eles são um benefício, não é problema meu.”

Roy Batty (Rutger Hauer)

Rutger Hauer é “Roy Batty”, o líder dos replicantes revoltados. O androide é muito inteligente, rápido e habilidoso em combate e ainda consegue aprender e lidar com o desenvolvimento de sentimentos. Possui força sobre-humana e um nível intelectual de gênio. É um modelo fabricado para combates usado pelo serviço militar. É provavelmente o mais perigoso dos 5 replicantes fugitivos.

Frase emblemática:

“Uma experiência e tanto viver com medo, não? Ser escravo é assim”.

Pris (Daryl Hannah)

Daryl Hannah é a replicante punk “Pris”. A atriz já era estrela quando participou do clássico. Havia recusado o papel principal de “A Lagoa Azul”, que ficou com Brooke Shields. Pris é um “modelo básico de prazer” e namorada do líder dos replicantes, Roy Batty. Possui força sobre-humana e um nível intelectual abaixo de Roy. Sua maquiagem inspirou o roqueiro norte-americano Marilyn Manson.

Frase emblemática:

“Não somos computadores Sebastian, somos seres humanos.”

Tyrell (Joe Turkel)

Joe Turkel vive o gênio “Dr. Eldon Tyrell”, o homem que fez da Tyrell Corporation uma das maiores companhias do planeta. Nesse caso a alusão é literal, Tyrell se refere a Deus, o criador. Ele desenvolve os chamados Replicantes, robôs que são a imagem e semelhança do homem. Grande parte dos Replicantes são usados em colônias fora da terra para trabalho forçado e campanhas militares.

Frase emblemática:

“A luz que brilha o dobro arde a metade do tempo.”

Rachel (Sean Young)

Sean Young vive a linda “Rachel”, a “replicante perfeita”. Suas memórias eram, na verdade, da sobrinha de Tyrell, o que a levava a crer ser humana.

Frase emblemática:

“Não sei se sou eu ou a sobrinha de Tyrell!”

J.F. Sebastian (William Sanderson)

William Sanderson é “J.F. Sebastian”, um designer genético que trabalhava para Tyrell. Ele vive recluso em seu próprio mundo de experiências devido à uma doença rara, a Síndrome de Matusalém, que o faz envelhecer mais rápido. Em seu apartamento existem diversos “amigos robôs” que Sebastian desenvolve para lhe fazer companhia. Fica amigo de Pris e a leva para o seu apartamento pensando que ela é humana.

Frase emblemática:

“Eles são meus amigos. Eu os faço!”

Trintão


Essa história foi contada 30 anos atrás no cinema pelo diretor inglês Ridley Scott. O filme é baseado no livro do escritor americano Phillip Kindred Dick. A dupla determinou a evolução e a fixação da sétima arte pelo cyberpunk, gênero que se apóia na ficção científica e na evolução tecnológica. Só para lembrar, o mesmo Ridley Scott havia dirigido outra significativa e fantástica ficção científica três anos antes: Alien, O Oitavo Passageiro.

O Caçador de Androides não é uma transposição exata do livro de Phillip K. Dick, “Do Androids Dream of Electric Sheep?” (Sonharão os Androides com Ovelhas Elétricas?, referência às falsas memórias implantadas nos replicantes). Com roteiro da dupla Hampton Fancher e David Peoples, dizem que o filme distribuído pela Warner teve quatro versões diferentes.

A versão que chegou ao mundo em 1982, e que entrou para a história do cinema, trouxe um Harrison Ford blasé, ele era o intérprete de Dick Deckard, o caçador de androides. Irritado por ter sido obrigado a narrar a história, Harrison gravou o off emburrado. Um achado, pois a voz cansada do ator, arrastada, contribuiu para o tom apocalíptico do longa.

Em 2007, em comemoração aos 25 anos do filme, estreou nos cinemas a versão do diretor, que sugere que o conflituoso caçador de androides Dick Deckard também seria um Replicante. Nessa versão, Dick não narra a história que se passa na Los Angeles do ano de 2019.

Descrito como representante de filmes neonoir, O Caçador de Androides é quase uma premonição da sociedade atual. A terra ainda não foi atingida por uma hecatombe e a chuva poluidora, meio ácida, sem fim, não cai diariamente. As colônias interplanetárias também não são uma realidade. Mas as ameaças ambientais que pairam sobre o planeta neste início de novo milênio fazem eco à atmosfera sombria do filme.

A evolução da genética apontada pelo todo-poderoso cientista Tyrell estabelece vários paralelos de Blade Runner com o mundo atual. Tyrell é um dos homens mais ricos da caótica Los Angeles do futuro. Como vários outros empresários visionários, ele saiu na frente por conseguir criar robôs altamente humanos, robôs que possuem todas as qualidades e defeitos da raça: choram, amam, mentem. Filosoficamente seria de se esperar que um ser meio homem meio máquina e que possui inteligência e emoções se rebelaria contra o sistema que o marginaliza. E é isso o que acontece.

Nos dias em que vivemos, vencemos a primeira barreira da resistência filosófica e, sobretudo, religiosa, que gira em torno da genética. Foram estabelecidas regras para as pesquisas com as células-tronco. Ainda estamos longe da fábrica de olhos do solitário cientista Hannibal Chew (interpretado pelo ator James Hong). Não é possível conservar olhos fabricados em série num laboratório, como mostra tão claramente o filme. Porém, isso não é uma hipótese tão impossível. Talvez seja uma questão de tempo. Já a soberania econômica, como tantos alunos de MBA’s pelo Brasil afora já sabem, passa pela genética, assim como a tecnologia.

Outro fascínio em Blade Runner é sua tecnologia de ponta. Carros possantes, cujas portas se abrem para cima (ideia usada por Tom Cruise em Missão Impossível 4) e que voavam, assim como um prenúncio de como seria uma conversa virtual estão presentes no filme. Para se comunicar com os homens que mandaram eliminar o grupo de 5 Replicantes rebeldes, Deckard entra numa cabine e chama uma tela. Do outro lado, seu interlocutor o escuta e o vê.

Para as gerações que nasceram na era pós-popularização do computador, essa historinha parece piada. Mas na época não. O salto tecnológico das últimas décadas acabou concretizando algumas profecias cinematográficas do filme.

Engana-se, porém, quem acha que Blade Runner é um filme de ficção científica futurístico que viaja nas possibilidades tecnológicas e genéticas do futuro, Blade Runner é, acima de tudo, um rico filme filosófico. Suas metáforas explodem na tela e são tão transparentes quanto à caça de Deckard aos 5 androides rebeldes. Em duas horas de filme, somos instigados inconscientemente a discutir questões tão antigas quanto a própria humanidade, mas que nos é mostrada à sua própria maneira no contexto da película. Vida vs. morte, emoção vs. razão, coragem vs. medo, capitalismo vs. desenvolvimento, criador vs. criação, são apenas alguns dos questionamentos. Todos os elementos temáticos presentes no filme criam uma atmosfera de incerteza para o tema central, o de examinar a humanidade. Uma das conclusões pode ser assustadora: a de que os androides, mesmo sendo máquinas, podem ter mais compaixão do que o homem, um ser criado por Deus.

Afinal, quem é humano e quem não é?

Nada mais hipnotizante em Blade Runner do que a trilha sonora de Vangelis. Quando o compositor grego foi convidado por Ridley Scott para criar a trilha sonora do filme, ele já havia recebido o Oscar pelo tema musical de “Carruagens de Fogo”. O clima soturno e angustiante de Blade Runner se completa pelas músicas de Vangelis, especialmente o tema de abertura. O tema final é espetacular. É um daqueles poucos temas em que você não consegue desligar o filme, mesmo quando só há os créditos subindo pela tela. Uma completa viagem. Veja abaixo!

“Eu vi coisas que vocês pessoas não acreditariam. Naves sendo atacadas sob os ombros de Orion. Eu vi raios-C brilharem no escuro perto do portal de Tannhauser. Todos esses momentos ficarão perdidos no tempo como lágrimas na chuva. Hora de morrer.”

[Roy Batty]

Informações


Título Original: Blade Runner

Título no Brasil: Rlade Runner – O Caçador de Androides

Direção: Ridley Scott

Produção: Michael Deeley

Roteiro: Hampton Fancher e David Peoples

Elenco: Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young, Edward James Olmos, William Sanderson, Daryl Hannah, Joe Turkel, M. Emmet Walsh, James Hong, Morgan Paul, Brion James, Hy Pyke, Joana Cassidy

Trilha Sonora: Vangelis

Lançamento: 25 de Junho de 1982

Distribuído Por: Warner Bros.

País: Estados Unidos

Obs.: Baseado no Livro Do Androids Dream of Electric Sheep? de Phillip K. Dick.

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