
Reportagem Retrô é uma coluna do blog O Aprendiz Verde que traz reportagens, matérias e artigos antigos publicados em algum lugar do nosso tempo-espaço. Trazer essas matérias é uma forma de resgatarmos o passado e, por um instante, ter um vislumbre daquele registro de época.
A reportagem retrô de hoje foi publicada no jornal norte-americano Fort Wayne News, em 2 de Setembro de 1895, e é sobre Jack o Estripador.
Um homem insano
Jack o Estripador está num asilo inglês – um estudante de medicina fraco
O Dr. Forbes Winslow, de Londres, um especialista bastante conhecido de suicídio e loucura, diz que Jack o Estripador, que aterrorizou Londres há alguns anos atrás, está preso em um asilo para loucos na Inglaterra. O Dr. Winslow diz que o fato é conhecido dos médicos. O médico diz que o criminoso é um estudante de medicina que sofre de mania suicida.
O Dr. Winslow está em Nova York para participar de um congresso de medicina legal, que será realizado nos dias 4, 5 e 6 de Setembro. Ele será o mediador do departamento de insanidade e medicina legal e preparou um documento sobre suicídio, considerado uma epidemia mental. A história contada pelo Dr. Winslow é a seguinte:
“Jack o Estripador é um estudante de medicina vindo de boa família. Ele é um homem jovem de corpo delicado, cabelos claros e olhos azuis. Ele estudou bastante, e sua mente, sendo naturalmente fraca, cedeu. Ele se tornou um entusiasta religioso e trabalhava toda manhã em St. Paul’s.
Seu fervor religioso resultou em uma mania homicida contra as mulheres de rua. Ele se hospedou com um homem que eu conheço, e a suspeita contra ele foi imediata devido ao fato dele voltar aos seus aposentos em horários fora de hora; ele tinha inúmeros casacos e chapéus manchados de sangue.
Eu tenho em minha posse um par de sapatos canadenses manchados de sangue que o estripador usou durante suas expedições assassinas. Eu notifiquei autoridades da Scotland Yard, mas eles se recusaram a cooperar comigo. Posteriormente o jovem foi colocado em confinamento e removido até um asilo onde está hoje. Desde a sua prisão não houve mais daqueles assassinatos horríveis que ele cometeu.
Estes fatos são conhecidos das autoridades inglesas, e todos hoje concordam que o homem no asilo é Jack o Estripador. Eles consideraram desejável, no entanto, que o assunto fosse abafado. Os detalhes são horríveis demais para serem objetos de um processo público, e não há dúvidas da insanidade do homem.”

À direita a reportagem publica no jornal The Free Lance datado de 6 de Setembro de 1895.Créditos: The Free Lance.
Nota do Aprendiz: O que dizer deste testemunho do Dr. Winslow? Sabemos que o mais famoso serial killer da história nunca foi pego e talvez seja por isso que Jack é até hoje tão famoso. Mas segundo o Dr. Winslow, o estripador teria sido identificado e isolado num asilo para loucos na Inglaterra. Ele era um estudante de medicina desequilibrado (como muitos suspeitaram na época) e sua identidade não foi revelada para não atrair mais publicidade para o caso. Estaria o doutor falando a verdade? Checando o fato no Casebook, a maior biblioteca online do caso estripador, descobri que o suspeito tinha nome e nacionalidade. Ele era G. Wentworth Smith, um canadense que emigrou para Londres a trabalho. Smith se hospedou com um homem chamado Callaghan, que teria ficado assustado com as conversas de “afogar prostitutas” de Smith. O canadense também falava sozinho, às vezes gemendo, além de possuir três revólveres escondidos em uma cômoda. Callaghan levou suas suspeitas ao Dr. Winslow, que por sua vez contatou a polícia. Sua teoria foi plenamente investigada pela Scotland Yard mas mostrou-se sem fundamento. Entretanto, isso não impediu que Winslow, por muitos anos, alardeá-se sua teoria e reivindicasse o crédito pelo interrompimento dos assassinatos (Jack agiu por apenas três meses e de repente parou). Winslow tornou-se obcecado pelo caso e passava dias e noites em Whitechapel, bairro palco dos assassinatos. “Os detetives me conhecem, os donos dos quartos de hospedagem me conhecem, e até as pobres criaturas das ruas me conhecem.”, disse ele certa vez para um jornal. A persistência de Winslow no caso foi tão exagerada que a polícia passou a suspeitar dele, seguindo-o para verificar sua rotina. Sua história nunca foi comprovada e especialistas no caso não dão muito créditos ao doutor. De qualquer forma ele ficou famoso, sendo até convidado para ir aos Estados Unidos participar de um congresso de medicina, sendo a estrela do evento, dando diversas entrevistas que culminaram em algumas reportagens. Uma delas você acabou de ler acima. Uma outra do The New York Times pode ser lida clicando neste link.
Você tem alguma sugestão para a coluna Reportagem Retrô? Possui alguma revista ou jornal antigo com alguma matéria que acredita ser interessante para publicação? Então não deixe participar! Faça já sua sugestão!
Universo DarkSide – os melhores livros sobre serial killers e psicopatas
Fontes consultadas: Jack the Ripper in Jail – The Free Lance; Casebook.org.
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